Graham Greene, O Cônsul Honorário
O doutor Eduardo Plarr estava de pé no pequeno porto sobre o Paraná, entre a balaustrada e os guindastes amarelos, a observar um penacho horizontal de fumo por Cima do Chaco. Entre as barras vermelhas do sol-poente, o fumo era como uma faixa numa bandeira nacional. O doutor Plarr achava-se só, a essa hora, além do único marinheiro que estava de guarda ao edifício marítimo. Um fim de tarde que, por qualquer combinação misteriosa da frouxidão da luz e do cheiro de alguma planta irreconhecida, traz a certos homens percepções da infância e de coisas futuras, e a outros a sensação de algo perdido e quase esquecido.
(…)
- Que nome vamos dar à criança, Clara?
- Se sair rapaz… gostavas que fosse Charley?
- Um Charley na família já chega. Vamos chamar-lhe Eduardo. Sabes, de certo modo, eu gostava do Eduardo. Era bastante novo para ser meu filho.
Pousou-lhe ao de leve a mão no ombro e sentiu-lhe o corpo sacudido de soluços. Queria confortá-la, mas não sabia como. Disse:
- Ele amava-te, Clara.
- Não, isso não é verdade, Charley.
- Ouvi-o uma vez dizer que tinha ciúmes de mim.
- Nunca o amei, Charley.
A mentira dela não significava nada para ele. Contradiziam-na as lágrimas. Num caso desses, estava certo mentir. Charley Fortnum sentiu um imenso alívio. Era como se, depois do que se lhe afigurava um tempo interminável de ansiosa espera na antecâmara da morte, alguém viesse dar-lhe boas e inesperadas notícias. Alguém que ele amava iria sobreviver. E compreendeu que nunca ela estivera tão perto dele como nessa ocasião.
Tradução: Maria Ondina Braga
Ela:
Esta agora é que foi.
A outra:
Apanhou-nos a olhar para o lado.
Ela:
Como nos apanha tudo o que nos devia apanhar de frente.
A outra:
Ainda bem que é comigo que falas. É que tens essa mania de andar às voltas, como cãozinho rafeiro, e eu é que tenho que te achar o rabo, a ver se o mordes.
Ela:
Estás a falar de quê?
A outra:
De deixares nas entrelinhas aquilo que queres dizer, neste caso aquilo que achaste desta descoberta, deste cantinho que não conhecíamos.
Ela:
Não preciso de ser clara. Como dizes, é contigo que falo, és tu que tens de me entender. Que interessam aos outros o que pensamos?
A outra:
Tá comprado. Até porque te andas a queixar que não há livro que te prenda, por estes dias.
Ela:
Ora aí tens.
Anónimo disse... 29.3.06
Olá!Comecei há pouco tempo a escrever o meu blog e resolvi fazer uma visitinha a outros blogs.O teu pareceu-me interessante, vale a pena cá voltar!Se puderes visita o meu!
Beijinhos
Ritinha disse... 30.3.06
eu só venho desejar muita: merda!!!!!!
:)
merda de boa sorte
Anónimo disse... 30.3.06
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