Deambulações Oblíquas
É porque nos decepcionamos
que procuramos a perfeição
O símbolo é o arco que abarca a totalidade
e por ele nós podemos alcançar
o que está do outro lado dela
.
A transcendência do que não vemos
a outra face do todo
é uma perspectiva simbólica
inerente à imediata presença
da face que estamos vendo
.
Assim o que vemos e o que não vemos
no objecto que estamos olhando
é a coisa em si que o animal não apreende
Não somos nunca o que está diante e separado
o que representa e o representado
em separada oposição
de ideia e objecto
de consciência e corpo
.
O que em nós está separado
em espírito e em corpo
está ao mesmo tempo unido
numa tensão oblíqua
que nos insere no mundo
E como seres simbólicos
e como seres-no-mundo
somos o que já somos
somos o que ainda não somos
ROSA, António Ramos, Deambulações Oblíquas, Quetzal Editores, Lisboa, 2001.
Querer a perfeição é ir ao encontro da nossa felicidade. porque enquanto a buscamos, vivemos a vida até ao tutano.
Um poema lindísssimo.
Rui Caetano disse... 30.1.08
em portugal, temos realmente um número considerável de óptimos poetas. ao menos isso.
Anónimo disse... 7.5.08
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