os homens do renascimento

Vida de Miguel Angelo
por Agostinho da Silva
Ed. do Autor, Famalicão, 1942


Messer Ludovico Buonarroti, Podestá de Caprese e de Chiusi, era um dos mais distintos cidadãos da Florença do Renascimento e pertencia a uma família que se notabilizara no ambiente comercial da cidade e pretendia, por outro lado, ser de ascendência nobre; casou com Francesca del Sera e, a 6 de Março de 1475, nasceu-lhe um segundo filho a que deu o nome de Miguel Angelo.

(...)

Com os mortos, galopa Miguel Angelo, já em Roma, pelas ruas desertas, nas noites de luar e nas noites de tempestade, pelas estradas ladeadas de túmulos, ou com êles visita, no silêncio nocturno, as obras de S. Pedro que terá de deixar incompleta mas como tal marca do seu génio que os seus sucessores lhe terão de seguir o plano; a 14 de Fevereiro de 1564 saíu mais uma vez sob as bátegas violentas e só voltou de madrugada, a arder em febre: deitou-se umas horas, depois levantou-se, passou a uma cadeira, ficou diante da lareira, a olhar o fogo, a ouvir o crepitar da lenha, quando o tumulto do carnaval romano se aplacava mais um pouco; vieram os seus amigos e Tomaso Cavalièri tomou-lhe a mão, num adeus a quem o adorara e para sempre partia; ao terceiro dia, levaram-no de novo para a cama, já sem nenhuma resistência; e a 18, a vélha companheira, seu tormento e seu guia, a Morte que sempre implorara e que sempre combatera, veio de leve e de leve o desprendeu das cadeias do tempo.

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