O Sabor das Trevas (Romance-alegoria dos Tempos Amargos)


O despertador retiniu com fúria luminosa na mesinha de cabeceira e o senhor Retrós enfiou os pés nas chinelas atarantadas. A seguir, no laboratório da casa de banho, rasgou o peito com um bisturi de metal fantástico e substituiu o coração pelo despertador. Isto depois de regulá-lo convinientemente para que, de meia em meia hora com toques estrídulos, lhe recordasse que existia.
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... Onde Nóseu e Nóstodos esperamos pelo pólen cósmico do teu Amor - a única luz sempre jovem nos olhos dos homens. O único suor que escorrega dos nossos corpos e torna humano o universo, com estrelas de carne e osso e bocas de lábios carnudos que nenhum frio apaga.
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FERREIRA, José Gomes, O Sabor das Trevas, Romance-alegoria dos Tempos Amargos, Moraes Editores, Lisboa, 1978 (2ª edição).

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