o resto da minha alegria















“O Resto da Minha Alegria”, Valter Hugo Mãe, Cadernos do Campo Alegre, 1ª edição, 2003



um

façam-no feliz e não
o culpem de nada, digam-lhe
a verdade, que esta
dura morte é ainda o
resto da minha alegria

peçam-lhe que venha tão
depressa, digam-lhe que
não durmo e que estarei
no telhado entristecida a
desbotar ao sol
incomodando os pássaros
cada vez menos

a remoção das almas

depois deus
vai inclinar-se sobre
mim como às labaredas
de uma fogueira

e vai devorar-me
antes de as flores
me façam cheirar bem

até lá,
fica comigo,
surtidos pelos lugares
enquanto o céu senta
o cu nas nossas cabeças.

3 comments:

Começa-se mal, começando por um conceito errado. Não há restos de alegria. Toda a alegria é em si mesma um resto de uma tentativa de felicidade. Resto de resto é já nada. Ou um sorriso morto no rosto.

Li e comprei muitos exemplares para oferecer àqueles que amo, que amei. Âgora já só tenho o meu. Livro.

Fabuloso ...

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